A ditadura militar no Chile

Na segunda metade do século XX vários países latino-americanos passaram por um período não-democrático. A ditadura chilena é uma das mais emblemáticas. No final da década de 1990 voltou a ter repercussão mundial com a prisão do General Augusto Pinochet, preso ao fazer uma viagem para Londres em 1998, para um tratamento de saúde.
Pinochet foi detido pela justiça inglesa, atendendo a uma solicitação de um juiz espanhol que desejava sua extradição para que respondesse, em um tribunal da Espanha, pelo desaparecimento de cidadãos daquele país sumidos no Chile após o golpe de 1973. Alegando problemas de saúde, Pinochet conseguiu protelar sua condenação. Seu falecimento, em 2006, encerrou mais um capítulo desse importante momento da história chilena.

ANTECEDENTES

Assim como o Brasil, o Chile passou por um período de industrialização e desenvolvimento econômico em meados do século XX. Nesse processo, empresas estrangeiras aproveitaram para lucrar com a exploração de suas riquezas, sobretudo minérios, como o cobre.

Durante os anos 1960, partidos políticos com propostas voltadas a atender demandas sociais passaram a ganhar importância. As propostas se dividiam entre aqueles que apoiavam uma revolução no modelo da experiência cubana e aqueles que defendiam a utilização das vias democrático-partidárias e das reformas políticas como instrumento de transformação.

O governo de Eduardo Frei, nessa mesma época, chegou à presidência do Chile com um frágil conjunto de reformas que não alcançou os objetivos esperados. Comunistas e socialistas se mobilizaram em torno da Unidade Popular, partido que acabou elegendo o presidente Salvador Allende.

Allende optou por seguir uma política independente em relação aos Estados Unidos e defendeu a nacionalização das empresas norte-americanas que se encontravam no país. Assim, setores políticos conservadores e as autoridades norte-americanas passaram a ver com receio as propostas do novo presidente. Além disso, o governo de Allende teve que enfrentar uma crise do cobre no mercado internacional, que, na época, representava uma boa parcela da economia chilena.

Essa diminuição dos preços do cobre acarretou em uma elevação no preço dos alimentos mediante a forte dependência da economia chilena em relação a seus recursos minerais. Aproveitando da situação desfavorável, os Estados Unidos e os conservadores chilenos instigaram a organização de manifestações contrárias ao governo Salvador Allende. Um grupo de militares golpistas, então, se formou com o objetivo de tomar o poder dos socialistas.

O GOLPE

Quase dez anos após o golpe militar que instaurou a ditadura no Brasil, as Forças Armadas do Chile organizaram um golpe que pretendia depor o presidente Salvador Allende. Era setembro de 1973. Allende tentou resistir até o ultimo momento, cometendo suicídio quando o grupo de militares promoveu a invasão do Palácio La Moneda. A dúvida sobre o suicídio de Allende pairou até recentemente, com a exumação de seu corpo e a descoberta de evidências que atestam a veracidade.

Augusto Pinochet tornou-se Presidente. Seu governo ficou marcado como um dos mais violentos regimes ditatoriais latino-americanos. Dados indicam que cerca de 60 mil pessoas foram mortas ou desapareceram, e 200 mil abandonaram o país durante o período em que esteve no poder. Apenas no final da década de 1980, as pressões políticas internacionais e internas passaram a desestabilizar a ditadura chilena. Em 1988, um plebiscito previsto na Constituição negou a renovação do mandato de Pinochet.

No ano seguinte, novas eleições presidenciais levaram Patrício Aylwin Azocar, da frente política oposicionista, popularmente conhecida como “Concentración”, ao poder. A partir de então, o Chile viveu um processo de redemocratização marcado pela denúncia e punição dos militares envolvidos com crimes políticos. Entretanto, Pinochet continuava no poder como chefe do Exército, cargo deixado em 1998 quando assumiu o posto de senador vitalício.